OPINIÃO
JORGE BENGOCHEA
Quando afirmo que os governantes devem investir no potencial humano ao invés de viaturas, estou seguindo as conclusões do Comissário-chefe de Polícia do NYPD, Lee Brown, em seu relatório crítico sobre a situação da sua polícia nos anos 90, quando resolveu aumentar a quantidade, valorizar o perfil, intensificar o treinamento, aproximar nas comunidades, distribuir nos bairros e garantir salários justos aos policiais novaiorquinos, com apoio irrestrito do Prefeito da Cidade de Nova York.
Aqui, os governantes agem de forma contrária e eleitoreira, já que não determinam um sério diagnóstico das polícias para verificar as mazelas que as impedem de ser eficientes e atender o clamor por segurança pública.
Aqui não se revê a quantidade necessária em efetivos para cobrir todos os bairros metropolitanos e as cidades do interior, garantindo a proteção de todos pela prevenção permanente, contenção imediata e investigação eficiente dos delitos.
Aqui não se investe no potencial humano que precisa de quantidade para atender plenamente seus deveres, de um perfil ideal, de treinamento constante e de salários justos para uma dedicação exclusiva.
Aqui, o descaso é tanto que policiais são chamados para gabinetes de deputados, secretarias municipais, força nacional e forças tarefas do MP, além de serem desviados para outras atividades que nada têm a ver com a função precípua de suas organizações policiais.
Infelizmente, aqui só se investe em viaturas e tecnologia, como se estas operassem sem pessoas treinadas, dedicadas e motivadas na mais perfeita saúde mental e financeira. A esperança dos governantes e do povo que os elege é jogada em poucos e bravos policiais mal remunerados e com parco treinamento, para que eles consigam enfrentar a violência e a criminalidade, detendo o poder bem armado de um crime organizado amparado por leis brandas e uma justiça criminal assistemática, morosa e leniente.
Este é o Brasil governado por nossas próprias escolhas.
ZERO HORA 20 de abril de 2013 | N° 17408
MAIS SEGURANÇA. 1,8 mil novos PMs vão reforçar policiamento
Mesmo com o acréscimo, ainda faltam 9 mil soldados para atingir o efetivo que a BM considera ideal
JOSÉ LUÍS COSTA
A segurança dos gaúchos está reforçada com mais 2.447 PMs – 1.827 para o policiamento e 620 bombeiros. É o primeiro grupo de policiais militares formado pelo governo Tarso Genro. Porto Alegre e outras cinco regiões com as maiores defasagens de pessoal e altos índices de criminalidade – Região Metropolitana, Vale do Sinos, Serra, Planalto e Litoral – serão contempladas com 54,8% do novo efetivo. A Capital contará com mais 530 PMs, chegando a um total de 3 mil policiais.
Ontem, a maioria dos soldados participou das cerimônias de formatura em 11 cidades, 842 deles na Academia da Polícia Militar, em Porto Alegre. Hoje, a solenidade está marcada para outros cinco municípios.
Os 2.447 PMs compõem o segundo maior grupo de servidores que ingressaram de uma só vez na BM nos últimos quatro anos – em 2009, durante o governo Yeda Crusius, foram 3,8 mil. A inclusão atual eleva o quadro geral para 26.231 servidores – somando 387 PMs temporários e 1.951 do Corpo Voluntário de Militares, PMs aposentados que voltaram para a tropa, atuando na segurança de repartições e em escolas públicas.
Levando em conta esses números, a defasagem na BM chega a 9.140 policiais, pois o efetivo previsto em lei é de 35.371 PMs (a partir de 21 de abril).
– Sabemos que não supre o déficit de pessoal, mas a situação vai melhorar – afirmou o governador Tarso Genro, que participou da formatura.
Uma das razões para a alta defasagem é as aposentadorias de praças (soldados e sargentos) que recebiam bonificação ao deixar a tropa, ganhando uma promoção de posto. Em 2008, por exemplo, 1.274 PMs foram para a reserva por conta disso. Desde 2011, o governo criou uma gratificação de permanência aos PMs, equivalente a R$ 600 mensais. O benefício fez com que, no ano passado, 678 PMs, com direito à aposentadoria, seguissem trabalhando. Conforme o comandante-geral da BM, coronel Fabio Duarte Fernandes, o benefício deve subir para R$ 800.
Além desse incentivo, Tarso confirmou que será lançado um novo concurso para mais 2 mil soldados em 2014 – outros 500 deverão ser contratados em regime de PM temporário.
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