quinta-feira, 1 de agosto de 2013

ENCONTRO E DEBATE SOBRE DESVINCULAÇÃO DOS BOMBEIROS DA BM

A FOLHA DE TORRES, Torres, RS, 01 de Agosto de 2013.

Desvinculação do Corpo de Bombeiros da Brigada Militar e prevenção de incêndio em pauta


Desde a tragédia da boate Kiss em Santa Maria e, recentemente, o infortúnio ocorrido no Mercado Público de Porto Alegre, os debates sobre os recursos utilizados pelos bombeiros no combate a incêndios estão cada vez mais em pauta. E o debate se aprofundou com a realização de um importante encontro de Bombeiros aqui em Torres, no Guarita Park Hotel.



Encontro reuniu bombeiros de três estados

Já que o governo do Estado vem sendo considerado inerte perante os desastres que sofre o RS (em especial o caso da boate Kiss, em janeiro deste ano), e já que há um descaso com as reivindicações feitas pelo Corpo de Bombeiros na busca por maior independência da corporação, a Assembleia Legislativa Gaúcha tomou uma decisão importante no último dia 09 de julho. O deputado estadual Pedro Pereira protocolou um Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que desvincularia o Corpo de Bombeiros do Estado da Brigada Militar, oferecendo assim autonomia administrativa e financeira à corporação.


Encontro em Torres reúne bombeiros de Três estados

O tema foi um dos pilares do encontro do 9º Comando Regional dos Bombeiros que ocorreu entre terça e quinta-feira (16 a 18) aqui em Torres, no Guarita Park Hotel, e que contou com a presença aproximada de 50 membros do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Na pauta do encontro, aconteceram ainda três agendas diferentes: A primeira é relativa a reunião de Comandantes Regionais do Corpo de Bombeiros. A segunda foi uma reunião da comissão técnica do corpo de bombeiros, que busca atualizar a legislação relacionada à expedição de alvarás. A terceira pauta estava vinculada a Secretaria Nacional de Segurança Pública, buscando avançar na discussão por uma padronização nacional das instruções técnicas do Corpo de Bombeiros.

“Trazer o foco da importância dos Bombeiros para Torres. encontro desses é de um comando. Capitão Rodrigo Canci Pierosan, Comandante do Corpo de Bombeiros de Torres: “Auxiliou na organização do evento, que foi muito produtivo, os assuntos foi tratado. Inovações na parte de prevenção foram debatidas. O debate da discussão debateu vantagens e eventuais desvantagens, inclusive com os bombeiros de Santa Catarina trazendo luz a experiência.

O jornal A FOLHA esteve presente no evento, e conversou com o Tenente Coronel Evaldo Rodrigues de Oliveira Júnior, Chefe de Estado Maior do Corpo de Bombeiros do RS. Ele afirma que a desvinculação à Brigada Militar oferece “autonomia administrativa e financeira aos Bombeiros, necessária para o aperfeiçoamento da carreira dos integrantes da corporação, além de possibilitar um volume maior de recursos para investimentos em equipamentos e infraestrutura”. Oliveira Júnior lembrou ainda que apenas quatro estados brasileiros ainda contam com o vínculo entre Polícia Militar e Corpo de Bombeiros: Além do Rio Grande do Sul, os outros estados são Paraná, Bahia e São Paulo.

O comandante do Corpo de Bombeiros de Torres, Capitão Rodrigo Canci Pierosan, auxiliou na organização do evento, e disse que “o encontro foi muito produtivo, os assuntos que estavam previstos foram debatidos, como as inovações na parte de prevenção. O debate da possível desvinculação também debateu vantagens e eventuais desvantagens, inclusive com a presença deos bombeiros de Santa Catarina trazendo luz à experiência deles”.



Um bom exemplo de Santa Catarina

Conversei também com o tenente coronel Edson Luiz Biluk, Major do Corpo de Bombeiros em Santa Catarina. Ele vivenciou a mudança que ocorreu após a desvinculação do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar em solo catarinense. “Antes estávamos presentes em apenas 35 municípios de Santa Catarina, enquanto hoje, 10 anos depois da desvinculação, temos 110 municípios guarnecidos pelo Corpo de Bombeiros. Separados da Polícia Militar, ganhamos maior autonomia para buscar parcerias com as prefeituras”.

Biluk citou um caso vivenciado por ele na cidade de Luís Alves, uma destas cidades catarinenses que passou a ser amparada pelo serviço do Corpo de Bombeiros nos últimos anos. A cidade tem cerca de 10 mil habitantes, e hoje conta com um caminhão-hidrante e uma ambulância para o serviço dos três ou quatro bombeiros que lá trabalham. “Atuamos lá em um caso de incêndio numa empresa. Chegamos com agilidade e evitamos que o fogo se alastrasse, mas ainda assim houveram danos na casa dos R$ 400 mil reais. Contudo, o proprietário do estabelecimento nos agradeceu pela atuação, pois a maior parte de seu patrimônio, cerca de R$ 2 milhões, havia sido salva. Se Luís Alves não contasse com uma estação de Bombeiros na cidade, provavelmente as perdas com este incêndio seriam totais ”.

Dados de 2007 apontam que 60% dos incêndios no Brasil aconteceram em residências, que não são regularmente fiscalizadas. Por isso que, segundo Biluk, “deveria haver um plano de prevenção, com fiscalização periódica da parte elétrica das residências, que deveria ser executada de acordo com o que preveem as normas técnicas. Somente este processo poderia reduzir significativamente o número de incêndios em casas e apartamentos. Infelizmente, Isto quase nunca ocorre, e há ainda uma grande quantidade de ligações elétricas clandestinas no Brasil, de grande risco para a sociedade”.

Formado em administração pública e na faculdade de estudos sociais, o Major Biluk ressalta que, atualmente, é exigido dos oficiais do Corpo de Bombeiros em Santa Catarina a graduação em algum curso de nível superior, o que supõe um melhor preparo da instituição. “O fato do profissional ser formado indica que o mesmo poderá ter uma visão de mundo mais completa, melhorando a eficiência do Corpo de Bombeiros onde trabalha”.



A carreira de Bombeiro

Como parte do corpo militar brasileiro, a primeira coisa que deve-se saber antes de decidir tentar a carreira de Bombeiro é que você estará submetido a um plano de carreiras rigorosamente subdivido em postos e graduações, convivendo com a hierarquia e disciplina como valores fundamentais na vida militar.

Diferentemente das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica), que são órgãos militares federais, o Corpo de Bombeiros é parte dos militares estaduais, da mesma forma que a Polícia Militar, sendo submetidos às medidas governamentais no âmbito estadual. É por isso que, para os Corpos de Bombeiros, a carreira varia de estado pra estado, inclusive o salário e demais benefícios. A remuneração aos bomeiros em Santa Catarina, por exemplo, é de R$1.943,68 antes da conclusão do curso de formação e, após a formação, de R$2.435,51

Há um certo tempo, especialmente depois da Constituição de 1988, que o ingresso no serviço público praticamente se limitou à prestação de concurso público. Com os Corpos de Bombeiros não foi diferente. Hoje, de acordo com a necessidades e disponibilidade (acima de tudo) dos estados, são abertos editais de concurso público para a carreira de bombeiro.

Os pré-requisitos, o grau de dificuldade das provas e a concorrência variam de estado pra estado e de acordo com a instituição organizadora do processo seletivo. De certo, temos o seguinte: para ingressar na instituição, o candidato passará por uma seleção que inclui exame intelectual (prova teórica), exame de saúde, teste físico, exame psicoténico e investigação social. O conteúdo do exame intelectual geralmente aborda o conteúdo de ensino médio (antigo 2º grau), mas já há estados que fazem a exigência de nível superior e outros até de CNH.

Após aprovado no processo de concurso público, o aspirante a bombeiro ainda passará por um curso de formação de praças ou oficiais. O curso de formação de praçaspossui duração máxima de um ano, geralmente exigem apenas o ensino médio concluído. Alguns já habilitam o soldado até a graduação de 3º sargento. Neste caso, a hierarquia é a seguinte: soldado> cabo> 3º sargento> 2º sargento> 1º sargento> subtenente. Após passados todas estas graduações, alguns ainda ingressam no quadro de oficiais (em alguns estados, a legislação permite que se chegue até o posto de tenente-coronel).

Já o curso de formação de oficiais é geralmente mais concorrido por possuir uma carreira mais atrativa, inclusive do ponto de vista salarial. Aqui, o aluno já ingressa como Cadete ou aluno-oficial, possuindo graduação superior a do subtenente. A rotina é intensa e a exigência disciplinar é elevada (acostume-se a engraxar os coturnos, engomar a farda e até passar ferro na cama!), submetendo o Cadete a uma cansativa rotina de estudos, treinamentos militares, atividades profissionais e práticas esportivas. Entretanto, as atuais tendências são de formar o oficial em um tempo mais curto (no máximo 02 anos), exigindo, em contrapartida, o nível superior como pré-requisito obrigatório para o ingresso dos cadetes. Após formado, o Aspirante-a-oficial passará por um estágio de 06 meses, normalmente, e seguirá sua carreira de oficial combatente, a saber: 2º tenente> 1º tenente> capitão> major> tenente-coronel> coronel (não há general nas forças auxiliares, que é posto privativo do Exército Brasileiro.


http://www.youtube.com/watch?v=jJxU0hFrTV0

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