sexta-feira, 23 de novembro de 2012

TROCA NO COMANDO AGITA QUARTÉIS DA BM


ZERO HORA 24 de setembro de 2012 | N° 17202

MUDANÇA À VISTA. Os três coronéis mais poderosos da corporação deverão ir para a reserva

JOSÉ LUIS COSTA


A cúpula da Brigada Militar está com os dias contados. Em cinco meses, os três coronéis mais poderosos da corporação – comandante-geral, subcomandante e chefe do Estado-maior – limparão suas gavetas no Quartel-general e irão para a reserva, abrindo espaço para uma nova safra de oficiais superiores que vem sendo preparada desde o ano passado pelo Palácio Piratini.

Atroca em postos-chaves na BM se deve à legislação. O comandante-geral, coronel Sérgio Roberto de Abreu, completa 35 anos de serviços em fevereiro e, obrigatoriamente, terá de se aposentar, situação chamada de “expulsória”. O mesmo acontece com o chefe do Estado-maior da BM, coronel Valmor Araújo de Mello.

Apesar dessas duas trocas forçadas, a alteração na cúpula poderia ser menos impactante se o subcomandante, coronel Altair de Freitas Cunha, fosse mantido no cargo ou promovido ao comando-geral. Isso, de certo modo, manteria a atual política de gestão da BM. Mas ele se aposenta no começo de 2014 e, desde o ano passado, vem se sentindo incomodado.

– Ele enfrentou estresse com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) por questões de trabalho e não tem respaldo político. A ideia do governo é oxigenar, quer tudo novo – pondera um graduado oficial da corporação.

O subcomandante não esconde o desconforto:

– Acho que já dei minha contribuição. Tem pessoas muito mais interessadas no comando-geral do que eu. Além disso, ficar um ano no comando é pouco tempo para executar projetos.

Quatro nomes estão sendo cotados para assumir cargo

Nos quartéis da BM, o clima é de efervescência. Preponderam apreensões de toda ordem porque mudanças como essas costumam desencadear trocas em cascata em comandos regionais e em batalhões.

– Tem gente se perguntando o que vai acontecer. A BM está em convulsão e quem perde com isso é a população – critica José Riccardi Guimarães, presidente da Associação dos Oficiais da BM (Asof).

Leonel Lucas, presidente da Associação dos Servidores de Nível Médio da BM, diz que o clima de apreensão atinge menos os praças, mas a troca gera expectativa de dias melhores:

– O que se espera sempre de um novo comando é uma nova motivação.

Outro episódio que gera controvérsia é o fato de ser a primeira troca no comando após a reformulação na lei das promoções, que reduziu de dois para um ano o tempo mínimo no posto de tenente-coronel e permitiu a oficiais mais jovens chegarem mais rápido ao posto de coronel e, por consequência, entrarem na disputa pelo cargo máximo.

É o caso do coronel Fábio Duarte Fernandes, lotado na Casa Militar. Em abril de 2011, ele foi promovido de major a tenente-coronel e, em junho, beneficiado pela nova regra, alcançou a terceira estrela gemada na insígnia, chegando ao posto de coronel.

Militante do PT, com serviços prestados à bancada petista por cerca de cinco anos na Assembleia, atuante na campanha de Tarso Genro ao Piratini, o coronel Fábio, atual subchefe de operações da Casa Militar, é apontado como um dos mais cotados para comandar a BM. Outros três nomes também são lembrados como candidatos: coronel Júlio César Marobim, diretor do Departamento de Ensino e Treinamento da SSP, coronel Alfeu Freitas Moreira, comandante do policiamento da Capital, e Antônio Scussel , comandante da BM no Vale do Taquari.

O atual comandante-geral, coronel Sérgio Roberto de Abreu, evita falar sobre sucessão e diz que o assunto não interfere no cotidiano da corporação.

– A BM não está parada. Estamos tratando da criminalidade. Esse tema não está em pauta, será tratado pelo governo a partir de 2013 – garante.

O secretário da Segurança Pública, Airton Michels, reconhece que nomes estão “sendo pensados”, mas assegura que “nada está verbalizado”.

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