sábado, 24 de novembro de 2012

CARONA DE OFICIAIS CRESCEU 172%


ZERO HORA 24 de novembro de 2012 | N° 17263

PROMOÇÕES NA BM

Levantamento de entidade indica que mudança nos critérios para avanço na carreira ampliou força da avaliação subjetiva


ADRIANA IRION


O temor de que a mudança de critérios para promoções na Brigada Militar, efetivada pelo governo Tarso Genro, ampliaria a concessão dos benefícios com base em critérios subjetivos ganhou força nos últimos meses com base em dados concretos. Depois da aprovação da lei que triplicou o peso da avaliação subjetiva, ocorreu um aumento de 172% do que é conhecido no jargão da instituição como “carona”, ou seja, situação em que candidatos bem avaliados por merecimento ultrapassam dezenas de colegas melhor colocados na lista por antiguidade.

Na última leva de promoções antes da mudança, em novembro de 2011, houve 18 casos de caronas nas promoções por merecimento – critério cujas notas são embasadas em análise subjetiva – a majores e a tenentes-coronéis. Em junho de 2012, a ascensão por carona se concretizou em 49 situações. O levantamento foi feito pela Associação dos Oficiais da Brigada Militar (Asof) a pedido de ZH. O uso dos novos critérios para benefício de PMs ligados ao governo ou a outras autoridades também ajudaria a criar um quadro paralelo na corporação, com a promoção de oficiais acima do número de vagas previsto, conforme ZH revelou na quarta-feira.

Justiça nega liminar pedida pela Asof contra decisões

Quando a lei que alterou os critérios de avaliação estava em debate na Assembleia Legislativa, a principal crítica da oposição era justamente de que a nova regra permitiria amplas vantagens a oficiais ligados ao governo.

– É grave que se tenha critério de ascensão subjetivo, às escuras, podendo valer qualquer elemento que não a qualificação funcional. Isso pode criar injustiças e deformação – diz o deputado Márcio Biolchi (PMDB).

Um dos críticos do projeto que alterou os critérios, Biolchi pondera que pode haver algum grau de subjetividade na avaliação, até para beneficiar alguém que seja dedicado ao trabalho mas não tenha conseguido fazer cursos de qualificação, por exemplo.

Com a proximidade da publicação de uma nova lista de promovidos, os receios de que ocorra mais uma leva de benefícios aumentaram. A Asof tem apontado que estão melhor classificados candidatos cedidos ou que trabalham em gabinetes na corporação.

A Justiça, porém, negou na quinta-feira o pedido liminar da Asof de que fossem suspensas as promoções pelo critério de merecimento. A ação, no entanto, segue tramitando e o mérito será julgado pelo Órgão Especial.

ZH pediu ontem uma manifestação do comandante da BM, Sérgio de Abreu, sobre o levantamento. Até o fechamento desta edição, o coronel não havia dado retorno. À época da aprovação da lei, a BM argumentou que a avaliação subjetiva é fundamental. Para a corporação, o critério puramente objetivo é insuficiente para determinar, por exemplo, se o candidato se relaciona bem com os colegas, se sabe ouvir e trabalhar bem em equipe.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Este levantamento deveria ser feito por governo (quatro anos) no período de no mínimo quatro mandatos.


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