terça-feira, 4 de março de 2014

SEPARAR OS BOMBEIROS É SEPARAR A MISÉRIA





Eugenio Ferreira da Silva Filho



Essa história de separação dos bombeiros é muito antiga, reportando-se ao início da década de 1990, mas já havia manifestações anteriores a essa época. Havia oficiais carreiristas que ambicionavam o comando geral dessa "nova organização".


Conhecendo a realidade da nossa Corporação e também a realidade dos bombeiros, sempre disse e reafirmo: separar os bombeiros da BM do jeito que estão pensando é como separação de casal pobre. A miséria será dividida entre os dois, piorando a situação de ambos.


A Brigada Militar nunca recebeu de qualquer governo o respeito que sempre mereceu. E na carona desse descaso, os bombeiros igualmente sempre foram maltratados. Só são lembrados quando alguma desgraça ou grande sinistro se abate sobre a sociedade, como foram os últimos que temos conhecimento desde um ano atrás.


A desculpa pelos bombeiros não serem considerados sempre foram as mesmas: material de bombeiro é muito caro; manutenção de material especializado é difícil e oneroso; os bombeiros são a imagem positiva da Brigada, o lado da balança que equilibra o conceito da Corporação, portanto não se deve mexer nesse pessoal. Além disso, o Estado editou uma lei em 1969 transferindo o ônus da construção de estações de bombeiros, aquisição de material e manutenção às prefeituras que assim o desejassem e, logicamente, que pudessem arcar com tudo. Só que nem todas as que toparam a aventura conseguiram manter a situação com suas próprias verbas, ocasionando situações de mendicância aos comandantes de estações, que dependiam do prefeito de plantão ou da benevolência de empresários que sempre cobravam seus "favores". Essa é a razão pela qual há menos de 20% de cidades com frações do Corpo de Bombeiros no Estado.


Há outras situações que colocam em risco a situação dos bombeiros nessa separação. Há uma tal de Associação de Bombeiros no Estado, chefiada por um soldado que deseja o fim do caráter militar da corporação, sob argumentos diversos e sem fundamento. Essa nova situação levaria em futuro próximo à municipalização do serviço e seria o começo do fim, pois bombeiros municipais não funcionam neste País.

Finalizando estas considerações: se não houver a garantia constitucional de verbas adequadas (e não seria pouca coisa, talvez meio mensalão) em orçamento realista e bem fiscalizado, não há como separar os bombeiros da BM, a não ser que se trate de mais um estelionato eleitoreiro, coisa comum nos últimos governos federal e estadual. Transformar essa nova organização em civil tão pouco resolveria a escassez de meios e muito menos o problema salarial do efetivo. Ficariam à mercê de uma secretaria qualquer, transformando-se em mais um DAER, miserável e abandonada.

Um comentário:

  1. Prezado Cel Eugênio

    Finalmente contra tudo e contra todos os argumentos repletos de egoísmo o CB, finalmente poderá, de forma legal prestar melhores serviços para a população de SC. Argumentos contratérios felizmente fazem parte de um passado.
    Não se trata de dividir a miséria, trata de saber que há. sim recursos e jamais vinham sob a forma de investimentos para o CB.
    Quem sabe um dia o senhor precisará dos serviços de bombeiro e constataré como a corporação melhorará.

    CAN

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