terça-feira, 25 de março de 2014

SAUDÁVEL REVISÃO



ZERO HORA 25 de março de 2014 | N° 17743


EDITORIAIS



Depois de conhecer o relatório do Tribunal de Contas do Estado sobre a péssima situação financeira do IPE-Saúde e sobre indícios de irregularidades na instituição, o deputado Paulo Odone resolveu voltar atrás no seu projeto de estender os benefícios do plano estatal para familiares de servidores. É uma exemplar correção de rumo. Diante dos problemas apontados pela inspeção extraordinária do TCE, o parlamentar abandona uma iniciativa claramente populista e alinha-se aos inte-resses maiores da sociedade, que são a apuração imediata das deformações e a construção de um modelo viável e justo de atendimento dos servidores.

Felizmente, o governo anuncia que seguirá o mesmo caminho. O projeto do Executivo havia sido formulado para atenuar os efeitos da proposta do parlamentar e também tinha como propósito fazer média com os servidores, empurrando o problema para regulamentação futura, condicionada a cálculos atuariais. Estes, sim, precisam ser realizados, com urgência, para que o sistema de saúde volte a ser sustentável. Urgente, também, é a apuração dos absurdos constatados na inspeção do TCE, entre os quais o registro de atendimento de pessoas mortas, o caso do médico que fez quase 200 consultas num só dia e também os milhares de segurados com o mesmo e fictício RG. São evidências de descontrole administrativo que explicam a situação falimentar do IPE-Saúde e que precisam ser corrigidas antes que seja tarde.

O momento é propício a uma tomada de decisão, para que todo o sistema de Previdência do Estado, e não só a assistência médica e hospitalar, seja enfrentado com determinação pelo governo, pela Assembleia e pelos servidores. Há um desequilíbrio estrutural na área previdenciária do Estado, que sucessivos governos, parlamentares e inclusive o Judiciário se negam a enfrentar. É lamentável que até agora o temor com desgastes políticos – manifestado especialmente pelos parlamentares estaduais – seja mais forte do que a obrigação de buscar soluções.

MÁ GESTÃO E DISTORÇÕES AMEAÇAM IPE



ZERO HORA 25 de março de 2014 | N° 17743


ADRIANA IRION E JULIANO RODRIGUES

IPE. Um sistema de saúde ameaçado



Adevassa feita por auditores na rotina administrativo-financeira do Instituto de Previdência do Estado (IPE) reforçou suspeitas que há anos servem para inflamar debates políticos em torno do plano de saúde dos servidores públicos: a carteira, nos moldes de hoje, está esgotada e não tem capacidade de ampliação sem contrapartida em valores atualizados. O sistema está endividado e vem sendo mal gerido, segundo resultado de inspeção extraordinária realizada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Enquanto deputados de oposição e do governo debatiam, desde 2011, a possibilidade de o plano de saúde do IPE ser ampliado para atender aos pais de servidores, auditores descortinaram um quadro de sangria que tem como principal consequência a incapacidade do sistema de se autossustentar. O relatório indica que a situação só será revertida a partir de reformas que garantam o aumento de receitas e a redução de despesas.

O cenário encontrado pela auditoria indica que, desde 2004, as despesas aumentaram 104%, enquanto as receitas, 40%. O estudo mostra que há negligência na cobrança de devedores – são R$ 3,4 bilhões a reaver, dos quais R$ 2,9 bilhões deveriam vir do caixa do Estado, que deixa de cumprir com suas contribuições. Déficits são consecutivos desde 2011, segundo o levantamento, e a previsão é de que se repita pelo próximos anos, gerando dívida acumulada entre R$ 3,1 bilhões e R$ 4,7 bilhões.

Quando a análise mergulha em rotinas básicas de controle, o cenário piora: há usuários mortos que seguem sendo atendidos, lançamento de consultas sem senhas, pacientes diferentes sendo atendidos pelo mesmo médico no mesmo dia e horário, mais de 39 mil segurados identificados com número de RG zerado e médicos com atendimentos excessivos, como um que teve 193 consultas em um período de 10 horas – entre 20h e 6h.

Ao entregar para a Assembleia Legislativa o resultado da inspeção, na semana passada, o TCE contribuiu para estancar o andamento de dois projetos que previam a ampliação de segurados no IPE-Saúde. Um deles, de autoria do deputado estadual Paulo Odone (PPS), já estava em condições de ser votado. O parlamentar vai propor hoje, na reunião de líderes na Assembleia, que a proposta seja suspensa até que as condições do sistema possam ser discutidas em busca de soluções saneadoras. O outro projeto, de autoria do governo e que prevê a inclusão de pai e mãe como dependentes, mediante pagamento de contribuição com base em cálculos atuariais, será retirado da Assembleia hoje.

Criado por lei complementar em 2004, o IPE-Saúde começou a funcionar atendendo 866 mil beneficiários (hoje, são mais de 1 milhão), sustentado pelo Fundo de Assistência à Saúde, que recebe recursos do governo. A lei prevê uma série de medidas para tornar o instituto sustentável, como a realização de estudos técnicos atuariais periódicos e a revisão anual dos custos do plano. O relatório do TCE, porém, mostra que as sucessivas administrações do IPE não conseguiram mantê-lo sustentável, e o resultado é um plano de saúde que caminha para a falência.


Presidente contesta dados do TCE


A direção do Ipe-Saúde tem 30 dias para responder sobre os pontos elencados pela inspeção do Tribunal de Contas do Estado (TCE), mas o diretor-presidente do instituto, Valter Morigi, defendeu ontem que os segurados “podem ficar tranquilos” com o funcionamento do plano. Morigi lembrou que o descompasso nas finanças do IPE-Saúde tem origem na diminuição da receita e no aumento da despesa:

– A alíquota de contribuição dos servidores era de 3,6% e, na separação (em 2004), foi reduzida para 3,1%, sem nenhum cálculo atuarial. As despesas aumentaram com a maior procura por atendimento e com a possibilidade de inclusão de novos dependentes.

Morigi contestou a informação do TCE de que o Fundo de Assistência à Saúde – responsável por custear o plano – teria apenas R$ 50 milhões em caixa.

– O fundo hoje tem R$ 210 milhões e não os R$ 50 milhões mencionados no relatório – disse.

Sobre os problemas no sistema informatizado, nos cadastros de pacientes e a respeito de possíveis fraudes – como o caso dos servidores que tiveram consultas registradas após a morte –, o diretor do IPE-Saúde garante que o instituto vai investigar todos os episódios.

– O relatório do Tribunal de Contas será muito útil para que façamos melhorias – afirmou.


PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA

Futuro do IPE-Saúde é tema para candidatos ao Piratini


Com o congelamento do projeto do deputado Paulo Odone (PPS) e a retirada da proposta do governo que tramita na Assembleia, o debate sobre o futuro do IPE-Saúde será tema obrigatório na campanha eleitoral. O diagnóstico feito pelo Tribunal de Contas do Estado servirá como ponto de partida para a aprovação de medidas que garantam a sobrevivência do plano de saúde, mas é improvável que alguma mudança seja aprovada neste ano eleitoral. Diante da situação crítica do instituto, não há espaço para a demagogia.

A direção do IPE ainda tem três semanas para responder aos apontamentos feitos na inspeção especial que detectou os problemas apresentados por Odone ontem como justificativa para a desistência do projeto, que permitia aos servidores públicos incluir pai e mãe como dependentes no plano de saúde. O presidente Valter Morigi tranquiliza os servidores, dizendo que o IPE-Saúde não está ameaçado de quebrar, mas adverte que é impensável incluir novos dependentes sem a cobrança de contribuição baseada em cálculos atuariais.

Morigi não vê espaço para aumentar a contribuição de 3,1% dos segurados, com contrapartida idêntica do Tesouro, mas os candidatos terão de apresentar propostas para reduzir a despesa e aumentar a receita. A direção atual já comunicou às prefeituras conveniadas que terão de aumentar o valor pago e estuda a possibilidade de propor a elevação das contribuições de segurados incluídos no Plano de Assistência Complementar (PAC), como ex-ocupantes de cargos em comissão e filhos de servidores que deixam de ser dependentes legais aos 23 anos.

Distorções não faltam

Se uma pessoa que ganha R$ 25 mil for casada com alguém com salário de R$ 1 mil, pode deixar de contribuir para o IPE-Saúde e usufruir de todos os benefícios como dependente do cônjuge que paga R$ 31 por mês ao IPE-Saúde.

Outra medida apontada como urgente é impedir que os servidores que deixam de contribuir para o plano retornem sem cumprir um período de carência para a utilização dos serviços. Hoje, os jovens podem optar por um plano privado no início da carreira e retornar ao IPE quando adoecem ou ficam velhos.





domingo, 23 de março de 2014

O QUARTO POSTO E A GUABIROBA










Luiz Carlos Marques Pinheiro 


Ano 1935. Na década de ’30 o Fragata era o melhor bairro de Pelotas, o bairro que mais crescia e o mais badalado. No coração do Fragata estava situado o Parque Sousa Soares, o ponto mais famoso e de maior atração da cidade, especialmente nos fins de semana. O Fragata era o bairro mais populoso e movimentado da cidade pela presença do prado, do cemitério, do parque Ritter com suas retretas aos domingos e o seu “bosque Champs Elisée”, do parque Souza Soares, a maravilha de recreação para toda a família. O Parque dava frente para a Av.Gal.Daltro Filho (hoje Av.Duque de Caxias), a principal via de acesso do bairro e via de saída para Jaguarão e Bagé.

O Parque se tornou tão importante na vida da cidade que os seus freqüentadores, a classe média-alta, exigiram que a Light & Power, administradora do sistema de bondes, desviasse os trilhos para dentro do Parque, para maior comodidade dos seus usuários. Na extremidade esquerda do Parque havia uma entrada, uma estradinha de terra, chamada de Estrada da Guabiroba, que dava acesso aos terrenos localizados depois do parque.

Como o parque era o “point” da cidade, todos os terrenos que se localizavam na estrada da Guabiroba, de frente para o parque, ficaram muito valorizados, com uma grande procura pelos ricos de Pelotas. Os ricos compravam os terrenos para construir chácaras. Era um luxo só! Ter uma casa na cidade e uma chácara a 5 km. de distância. Sossego, tranqüilidade, intimidade, ausência de vizinhos...Um lugar excelente para se passar um final de semana reunido com a família. Bastava um casal de caseiros e as chácaras proporcionavam desfrutar de árvores frutíferas, canteiros com flores, canteiros com temperos, criação de porcos e de galinhas.

Ah! As galinhas! Não só davam os ovos para os doces, como davam as penas, para os acolchoados e travesseiros. E, principalmente, davam a carne e o sangue para fazer a maravilhosa “galinha a molho pardo”. As chácaras proporcionavam ainda, como sub-produto, o abastecimento da casa da cidade com frutas, flores e temperos.

Possuir uma chácara no Parque era um atestado público de riqueza. Como eram casas para o final-de-semana, não eram muito grandes, mas muito confortáveis, mesmo assim. Os ricos se tratam bem...Algumas eram térreas; outras, assobradadas.

As senhoras ricas se esmeravam nos cuidados com os jardins. Afinal de contas, os jardins iriam proporcionar as flores para enfeitar a casa. 6 É claro que, visto com olhos de hoje, a vida não era tão fácil assim. Apenas para dar uma pálida idéia: não havia luz elétrica, era lampião a querosene (eram necessários vários, em uma casa); não havia telefone; não havia geladeira, chamava-se frigorífico e era abastecido com pedras de gelo, de fornecimento irregular; o fogão era a lenha, com o reforço de um fogareiro a carvão e um fogareiro “Primus” de pressão, a querosene, para as coisas mais rápidas; o ferro de passar roupa era a carvão; a água para beber tinha que ser filtrada em filtro de barro; e por aí vai. Para o frio, a solução era a clássica: uma boa lareira, com nó de pinho.

A água do banho era aquecida por um aquecedor cilíndrico, de latão, instalado na parede do banheiro, acima da banheira. A parte superior do aquecedor era o reservatório de água. Na parte inferior se colocava jornal para queimar. Havia um pequeno receptáculo, onde se colocava álcool e tocava fogo. No Rio de Janeiro já havia o aquecimento a gás encanado, mas o Fragata não tinha gás...

Uns poucos usavam o sistema de serpentina, que é um sistema de tubulações que aproveita o calor gerado pelo fogão a lenha para aquecer a água do banho. Os encanamentos serviam apenas a parte térrea das casas. Na parte superior dos sobrados não havia encanamentos, portanto, o banheiro tinha que ficar no térreo. Eu digo “o banheiro”, porque só havia um em cada casa. 

O rádio era ligado somente à noite. Como não havia luz elétrica, os rádios funcionavam com bateria. E, para não gastar bateria, somente ligavam o rádio à noite, principalmente para ouvir a “Voz do Brasil”. A Voz do Brasil era fundamental para manter-se informado sobre as notícias do Brasil, porque jornal muito pouca gente comprava; era preciso fazer economia. Não havia rede coletora de esgoto. Os dejetos do banheiro e a água com gordura da cozinha eram canalizados para fossas sépticas no quintal, profundas e separadas. A fossa dos dejetos era chamada popularmente de “poço negro”. A água do banho e da pia do banheiro eram canalizadas para a rua, para uma  vala a céu aberto ao longo da Estrada da Guabiroba, por onde também corria a água da chuva. Como não havia lixeiro, o lixo seco era queimado no quintal. Eles sabiam que se mantivessem bem limpo o entorno da casa seria remota a possibilidade do aparecimento de ratos.

Mas os ricos não achavam ruim, porque não conheciam outra realidade. Para eles era normal. Não existia nada melhor no mundo que eles pudessem comprar. E assim eram felizes... 

Esse padrão de desconforto se manteve inalterado em toda a década de ’40. Primeiro, porque o Brasil enfrentou uma II Guerra Mundial; depois, porque o pós-guerra, de 1946 em diante, foi extremamente difícil para o Brasil. Somente após 1950 Pelotas começa a dar sinais de que é possível ter acesso a um padrão mais confortável. Lentamente, tem início a industrialização, a 7 modernização urbana e a migração do campo para as cidades, que foram fatores determinantes para a modernização de Pelotas.

Mas o grande salto de qualidade em Pelotas somente foi dado a partir de 1958, quando se instalam, então, os conceitos de cidade moderna, acompanhando, mais ou menos, o que acontecia no Brasil. Com o tempo, ao longo da estrada da Guabiroba, depois do parque, começaram a surgir algumas construções, já com o espírito de residência definitiva. E esses moradores ficaram conhecendo o outro lado do parque. Apenas para que se tenha um parâmetro, em 1947 só havia 1.289 residências em todo o Fragata, distribuídas entre as inúmeras vilas que compunham o bairro.

Morar no parque significava ter que pegar o bonde todos os dias, na avenida. Ou seja, caminhar pela estrada de terra uns trezentos metros ou mais. Nos dias secos, era só uma pequena caminhada. Mas na época das chuvas - dias a fio chovendo - a estrada virava um barro só. E os moradores tinham que andar no barro até a avenida pra pegar o bonde. Para os ricos o acesso era bem mais fácil, porque era feito por automóvel. O bonde era o único meio de transporte em Pelotas; não havia outra alternativa. Estranhamente, a bicicleta não caiu no agrado dos pelotenses e nunca foi considerada um meio de transporte, a despeito de a cidade ser extremamente plana, propícia para o seu uso.

A volta para casa era à noite, e não havia luz elétrica na estradinha. Era preciso andar com lanterna até chegar em casa. No inverno, nos dias chuvosos, se chegava em casa todo embarrado. Esse fato acabou criando um hábito curioso nos moradores residentes. Ninguém saía de casa à noite; ficavam todos em casa. Como compensação, todos os solteiros saíam de casa no sábado à noite, para descontar os dias fechados em casa. Os casados, estes não faziam questão, tinham companhia, e sempre era possível sair para pegar um cineminha. Não adiantava se arrepender. Como as casas eram próprias, ficava mais difícil se mudar.

Em 1935, o meu pai tinha 21 anos e morava com a mãe viúva, e cinco irmãos, na Guabiroba, na chácara. A minha mãe morava do outro lado da avenida Daltro Filho, em frente ao parque, com os pais e cinco irmãos, numa fileira de nove casas que o meu avô materno tinha mandado construir. Ali eles se conheceram, namoraram, casaram em 1939, e eu nasci em 1940.

O 4º Posto. Na esquina da Av.Gal. Daltro Filho com a Estrada da Guabiroba, em frente ao parque, ficava o 4º Posto da Brigada Militar. Única e solitária presença do Poder Público no bairro. O 4º Posto era uma referência em todo o bairro do Fragata. Todo mundo corria para o Posto quando tivesse uma necessidade. O Posto era a solução para todos os problemas. Principalmente porque era o único lugar em toda a redondeza que tinha telefone. Quem precisasse de um telefone corria para o posto.

Na prática, o Posto funcionava como uma extensão da Companhia Telefônica. Todas as emergências eram socorridas pelo Posto. O pedido de uma ambulância, ou do carro de bombeiros, era feito no posto. Na verdade, acabava sendo a ocupação principal dos brigadianos.
Roubos não havia, salvo os de galinha. Aliás, ficou famosa a expressão “ladrão de galinha”, para se referir a um ladrão mixuruca. A palavra “assalto” não existia na época. As ocorrências policiais eram apenas as de desordem provocadas por bêbados e desavença entre vizinhos. Só. 

Não havia possibilidade de fazer policiamento ostensivo. O número de policiais era muito limitado. Dessa forma as funções ficavam circunscritas ao ambiente interno do posto e ao atendimento às pequenas ocorrências. No entanto, o Fragata todo tinha muito respeito pelo Posto e pelos brigadianos, pela ação comunitária que faziam. Era motivo, até, de orgulho para o bairro, poder contar com um Posto da Brigada.


Fonte: A PELOTAS QUE EU VIVI  
http://pelotascronicasurbanas.files.wordpress.com/2013/03/o-livro_edicao-consolidada.pdf


Matéria apontada por Rogério Brodbeck e fonte indicada por Alberto Afonso Landa Camargo.

sábado, 22 de março de 2014

SINAL VERMELHO PARA O IPE-SAÚDE



ZERO HORA
22 de março de 2014 | N° 17740



PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA





Está nas mãos do presidente da Assembleia, Gilmar Sossella, e da diretoria do Instituto de Previdência do Estado um documento de 161 páginas que traça um cenário assustador para o futuro do plano de saúde dos servidores públicos estaduais. Síntese da inspeção extraordinária nº 9077-0200/12-0 do TCE-RS, que vasculhou as entranhas do IPE-Saúde, o relatório fornece valiosos subsídios para os deputados que, nos próximos dias, apreciarão projetos prevendo a inclusão de novos dependentes.

A partir dos dados levantados sobre a situação financeira do IPE-Saúde, as previsões de arrecadação e o perfil dos beneficiários, os auditores do TCE traçaram dois quadros. Um, chamado de “cenário de referência”, mostra que, se receitas e despesas crescerem na mesma média dos últimos nove anos, o déficit deste ano será de R$ 98,7 milhões e crescerá ano a ano até chegar a R$ 879 milhões em 2023. Este é o cenário otimista e considera as contribuições dos segurados e do governo nos percentuais de hoje, sem mudança no perfil dos gastos com a assistência médica.

No cenário pessimista, o déficit real vai a R$ 117,2 milhões neste ano e chega a R$ 1,3 bilhão em 2023. Em nenhuma das duas simulações está calculado o impacto da eventual inclusão de pai e mãe como dependentes do plano, prevista em um projeto do deputado Paulo Odone (PPS) e em outro encaminhado pelo governo.

Para chegar à previsão de um déficit superior a R$ 1 bilhão nos próximos 10 anos os técnicos trabalharam com o que chamam de “eventos incertos”. Essas variáveis reduziriam a receita pelo aumento da evasão de segurados com salários mais altos e elevariam as despesas pela recomposição dos valores pagos a médicos e prestadores de serviços e pelo envelhecimento da população acima da média dos últimos anos.

O relatório deverá servir de subsídio na elaboração dos planos de governo dos candidatos ao Piratini. Os números mostram que a sobrevivência do plano de saúde que hoje atende a cerca de 1 milhão de servidores públicos e seus dependentes só será possível com reformas que aumentem a receita e reduzam as despesas.


terça-feira, 18 de março de 2014

DUAS BOMBAS QUE ESTÃO PARA EXPLODIR

FOLHA DA CLASSE 15/03/2014


Por LCBergenthal MTB 15.482


Não gosto muito de ficar lembrando certas coisas que acontecem dentro das casernas da Brigada Militar, vamos tocar e dois fatos que presencie e não sei se já foram sanados.

1º - Quando o PM Sofre uma acidente ou doença grave

Psicológica e moral: Em virtude de uma fatalidade é jogado a margem da sociedade, sendo afastado do serviço ativo da Corporação na hora que mais precisava de apoio da BM, sendo tratado como um verdadeiro inútil para a profissão que escolheu, vendo sua carreira interrompida.

Financeiro: Na medida em que é compulsoriamente reformado, vê sua progressão profissional interrompida, bem como um conjunto de vantagens pecuniárias que só são alcançadas ao pessoal da ativa, tais como: diárias, vale refeição, os avanços trienais, entre outros. Além do que, em função do enquadramento equivocado de sua reforma, não obtêm, de regra, o direito financeiro de receber os proventos do grau hierárquico do posto acima.

Que seja feito um estudo de EM que justifica-se na medida em que vem adequar a Corporação Brigada Militar a contemporaneidade. A inserção de pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida é uma realidade e obrigatoriedade a empresas e em concursos públicos. Todavia, até hoje na Brigada Militar os servidores que por ventura sofriam alguma enfermidade ou acidente em serviço e a partir disto viesse a ficar sequelado, simplesmente era desligado da Brigada Militar, sendo penalizado duas vezes. 

Primeiro pela seqüela adquirida; segundo, pelo desligamento dos quadros ativos da Corporação, tendo prejuízos de ordem funcional e remuneratória.

Assim, o aproveitamento dos servidores que sofreram seqüelas ou que vierem a tê-las para as atividades internas da Corporação contribui duplamente, primeiro para a sociedade, vez que a Instituição estará utilizando em suas atividades administrativas estes servidores, liberando outros para a atividade de policiamento e, segundo, aos próprios servidores, que não verão tolidas suas aspirações profissionais nem tampouco tendo prejuízos de ordem remuneratória.Já é chegada a hora de se fazer justiça.


Outra situação que considero grave, recentemente ouço inclusão de vários oficiais médicos, já era hora da criação de formações sanitárias em OM até nível de Esquadrão ou Cia, mais com uma observação, o Brigadiano ao sentir se doente e procurar um médico militar dentro de uma instituição de saúde ou de Formação Sanitária não tenho a sua carteira do IPE solicitada, o oficial médico já recebe do Estado do Rio Grande do Sul para prestar os seus serviços, não podemos compactuar com esta irregularidade, se ainda existe, antes era normal, isto talvez não acontece só com a Brigada Militar, vamos ver outras Secretárias de Estado que tem lotado um médico, seja ele de qualquer especialidade. 

O Instituto de Previdência do Estado já deve ter notado esta irregularidade, estou certo ou errado? Saibam que estas duas bombas, assim determinadas por mim, podem ter nascido chocha, mais não custa nada observar o que era feito antes e hoje não podemos mais admitir, aguardo pronunciamento de quem tem mais informações.


Com a palavras as associações de Policiais Militares do RS.

PROPOSTA DE DESVINCULAÇÃO DOS BOMBEIROS NA AL-RS


ZERO HORA 18/03/2014 | 00h47

Proposta que desvincula Corpo de Bombeiros da Brigada Militar será levada nesta terça-feira à Assembleia Legislativa. Na sequência, o governador Tarso Genro entregará 20 viaturas ao Corpo de Bombeiros

Será entregue na Assembleia Legislativa, na tarde desta terça-feira, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que desvincula o Corpo de Bombeiros da Brigada Militar. O documento será levado à presidência da Casa pelo governador Tarso Genro, pelo secretário da Segurança Pública, Airton Michels, e pelo comandante-geral da BM, coronel Fábio Duarte Fernandes.

Na sequência, o governador entregará 20 viaturas ao Corpo de Bombeiros, oriundas da Participação Popular e Cidadã, que totaliza um investimento de R$ 2,4 milhões. Serão contemplados com caminhonetes S-10 os municípios de Giruá, São Marcos, Canoas, Dois Irmãos, Uruguaiana, Santo Ângelo e Vacaria. Vão ser repassadas sete ambulâncias Ducato para Cachoeira do Sul, Cruz Alta, Parobé, Erechim, São Luiz Gonzaga e Vacaria. Receberão sete Duster os bombeiros de Santo Ângelo, Parobé, São Leopoldo, Nova Hartz, Sapucaia do Sul e Ibirubá.

segunda-feira, 17 de março de 2014

SE OS LADRÕES ESTÃO NAS RUAS, TÊM QUE SABER QUE A POLÍCIA TAMBÉM ESTÁ



ZERO HORA 17 de março de 2014 | N° 17735


ENTREVISTA - POR LARA ELY

“Se os ladrões estão nas ruas, têm de saber que a polícia também está”

Entrevista com Ronaldo Bandeira, Sargento do 11º Batalhão da Brigada Militar



Policial militar há 26 anos e comandante da patrulha no momento em que a perseguição aos assaltantes foi deflagrada, o sargento Ronaldo Bandeira, 48 anos, conta que realizava uma ronda de rotina quando avistou um tumulto na Rua Portugal. Percebeu que havia gritos por socorro quando um cidadão se identificou como vítima de assalto.

Zero Hora – Como foram os primeiros momentos, o início da perseguição?

Ronaldo Bandeira – Coloquei a vítima para dentro da viatura e saímos para fazer o acompanhamento. Eles começaram a subir nas calçadas, a andar desgovernados. Quando chegaram na esquina da Silva Jardim com Fabrício Pillar, colocaram armas para fora e efetuaram disparos contra a viatura.

ZH – Foram muitos disparos?

Bandeira – Nesse momento, começamos a revidar. Daí, eles desceram a rua e foram encurralados pelas viaturas. O tiroteio estava bem acirrado, foram bem mais de 10 disparos. Eles carregavam a munição a todo momento. Saíram da galeria e foram até a Quintino Bocaiúva, onde roubaram um novo carro, e recomeçou o tiroteio. Um dos criminosos morreu, e o outro, largou a arma e fugiu em direção aos prédios. Acabou sendo alcançado por nós.

ZH – Como fica o reconhecimento do PM pela população em um caso como esse?

Bandeira – Tivemos que conter as pessoas para que não atacassem o assaltante preso. Queriam invadir a viatura e linchá-lo. Mas saímos de lá recebendo aplausos. A princípio, foi uma ação bem executada. Agora, nossas armas serão recolhidas para saber qual de nós alvejou o assaltante. Mas soube que até o governador mandou os parabéns pela ação.

ZH – Como o cidadão deve proceder diante de um tiroteio?

Bandeira – As pessoas que presenciam um fato desses não devem sair na rua correndo ou tirando foto de celular. Podem ser confundidas com policiais ou delinquentes e acabar levando a pior. O melhor a fazer é se jogar no chão, manter a calma e chamar o mínimo de atenção.

ZH – O que o senhor sente diante de um fato como esse?

Bandeira – Como pessoa, me entristece ver tanta gente roubando carro por causa de droga. Como PM, é chocante chegar nas ocorrências, mas alguém tem de fazer esse trabalho. Se os ladrões estão nas ruas, têm de saber que a polícia está também.



PORTO ALEGRE - Tiroteio entre policiais militares e bandidos assusta moradores em três bairros

FELIPE MARTINI

Uma perseguição policial que envolveu quatro carros e seis viaturas em três bairros da Capital deixou dezenas de moradores assustados, em meio a um tiroteio, na tarde de sábado. A ocorrência começou com uma tentativa de assalto na Rua Portugal, no bairro Higianópolis, e se estendeu por Mont’Serrat e Rio Branco, deixando um assaltante morto e outro preso.

As cenas de tensão se iniciaram por volta das 15h30min, quando dois criminosos roubaram uma caminhonete Cherokee no momento em que uma família chegava em casa.

– Estacionávamos na rua quando os assaltantes chegaram e pediram para entregarmos tudo – relatou o motorista de 18 anos, que avistou a polícia logo após o assalto.

Com a vítima no interior da viatura, a Brigada Militar (BM) iniciou a perseguição, alcançando a caminhonete roubada já no bairro Mont’Serrat, entre as ruas 24 de outubro e Anita Garibaldi. Na fuga, os assaltantes colidiram com um Hyundai i30 na Rua Silva Jardim, em frente à academia Body Tech, na esquina com a Rua Fabricio Pillar.

O acidente envolveu mais três veículos estacionados e deixou a motorista do i30 com ferimentos leves. A queda de um poste deixou 70 residências sem energia elétrica.

Após o choque, teve início o tiroteio. Os assaltantes fugiram até o estacionamento do Jardim Mini-shopping, na Rua Silva Jardim, onde renderam o proprietário de uma loja e roubaram um Hyundai HB20. A dupla continuou a fuga no segundo automóvel roubado. Eles entraram na Rua Quintino Bocaiúva e depararam com viaturas da BM, começando uma nova troca de tiros. Um dos assaltantes, identificado como Michael Ortiz, foi morto. O segundo, Marco Martins Costa, 31 anos, foi preso. Conforme a polícia, os dois tinham antecedentes criminais por envolvimento com roubo de veículos, tráfico de drogas e porte ilegal de armas.



sábado, 8 de março de 2014

IPE E FAZENDA CONTESTAM ODONE

ZERO HORA 08 de março de 2014 | N° 17726


PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA



A Secretaria da Fazenda e o Instituto de Previdência do Estado do RS (IPE) contestam a afirmação do deputado Paulo Odone de que o Estado deve dinheiro ao plano de saúde.

O secretário Odir Tonollier e o presidente do IPE, Valter Morigi, garantem que o governo do Estado está em dia com as contribuições patronais.

Os dois também esclarecem que o direito de incluir maridos e companheiros homoafetivos no plano de saúde existe desde 2004. O que o governo Tarso fez foi estender aos maridos e companheiros de servidores homossexuais o direito à pensão em caso de dependência econômica.

Na interpretação da Fazenda, o projeto de Odone abre o plano para pais de servidores de prefeituras que têm convênio com o IPE-Saúde.


Sinal vermelho

A nota da Fazenda e do IPE diz que, se, num cálculo simples, apenas 5% dos segurados incluírem uma pessoa (pai ou mãe), haverá mais 20 mil segurados no Ipe Saúde.

Considerando-se que uma pessoa na faixa etária de 60 anos de idade custa R$ 10 mil/ano ao IPE-Saúde, o acréscimo desses 20 mil segurados representaria um gasto de R$ 200 milhões/ano para o Instituto. No caso de inclusão dos dois pais por 5% dos segurados, esse número dobraria para R$ 400 milhões.

Resistência até entre servidores

Nem a Federação dos Servidores Públicos defende a aprovação do projeto que permite a inclusão de pai e mãe como segurados do IPE-Saúde.

Nota da Fessergs diz: “Embora reconhecendo a preocupação social que este projeto apresenta, é imprescindível salientar que a inclusão de novos segurados e ainda com idade avançada, sem contribuição definida, acarretará total desequilíbrio financeiro ao IPE-Saúde, o que levará à sua inviabilização”.

Na interpretação da Fazenda, o projeto de Odone abre o plano para pais de servidores de prefeituras que têm convênio com o IPE-Saúde.


ALIÁS

A Federação dos Servidores também é contra a inclusão de categorias alheias ao serviço público, defendida por deputados do PP, que querem abrir as portas do IPE-Saúde para os advogados.


BLOG DA ROSANE - ZERO HORA 06 de março de 2014

Odone defende o projeto de inclusão de pai e mãe no IPE-Saúde

Em uma carta de trinta 30 linhas, o deputado Paulo Odone (PPS) contesta a minha interpretação de que o projeto que permite a inclusão de pais e mães como dependentes no IPE Saúde ameaça o futuro do plano de saúde e equivale a “vender ilusões”. Colo aqui a íntegra da carta:

“Prezada Rosane,

Como sempre, comecei meu dia hoje lendo a tua coluna em Zero Hora e te ouvindo no Atualidade. Para contribuir no debate sobre o projeto do IPE-Saúde, é salutar alguns esclarecimentos.

O projeto é de 2011, foi debatido em três comissões, com pedidos de vista e audiências públicas. A direção do IPE se comprometeu a apresentar um estudo da situação financeira e o impacto da aprovação do projeto em suas contas. Isso jamais foi feito.

O texto está pronto para ser votado desde junho de 2013. Segurei-o para negociar com o governo os dispositivos que pudessem afetar as finanças do IPE-Saúde. Novamente, não recebi respostas. Agora fui surpreendido com o pedido de urgência ao projeto do governo e com esse discurso simplista de que a iniciativa pode falir o IPE.

Há uma premissa falsa nesse debate: a de que 77% dos servidores poderão incluir os ascendentes sem contrapartida. O projeto tem um limitador: os pais dos servidores não podem ter renda superior ao piso regional, hoje R$ 1,1 mil. A verdade é que ninguém sabe, dentro desses 77%, quantos possuem pai e mãe com renda inferior a R$ 1,1 mil. Portanto qualquer afirmativa sobre uma eventual “quebra” do IPE é mera especulação.

Se hoje a saúde financeira do IPE inspira cuidados, é porque o Estado não repassa a totalidade de sua cota patronal. De acordo com o Tribunal de Contas do Estado, de 2011 a 2013 o governo deixou de repassar ao Ipe-Saúde R$ 149.296.690. São quase R$ 150 milhões! Ademais, de 2004 a 2012, o IPE-Saúde foi superavitário. O que o ameaça, então, não é o meu projeto. Mas sim uma gestão temerária do Fundo de Assistência à Saúde.

Rosane, sou um homem de poucas leis. Quando apresento um projeto, tenho obediência máxima pelo bem social que ele deve provocar. O IPE, como um plano de saúde voltado ao servidor público, precisa ter um viés humanitário, sobretudo àqueles que têm remuneração mais baixa. Se for necessário pagar R$ 400 para incluir o pai, é melhor o servidor recorrer aos planos privados. Além disso, já aprovamos uma proposta do Executivo que incluía maridos e companheiros homoafetivos, ambos sem contribuição, e ninguém no governo fez esse alerta de falência do IPE.

Como sempre, estou aberto ao diálogo, a discutir a melhor proposta, com eventuais alterações no texto original. Se há alguém “engambelando” os servidores, não sou eu. Tampouco posso aceitar que, às vésperas da votação, informações equivocadas, análises precipitadas e um claro movimento governamental para implodir o meu projeto resulte numa alternativa que não atende às expectativas do funcionalismo.

Com os meus elevados votos de consideração e apreço

Paulo Odone”

terça-feira, 4 de março de 2014

SEPARAR OS BOMBEIROS É SEPARAR A MISÉRIA





Eugenio Ferreira da Silva Filho



Essa história de separação dos bombeiros é muito antiga, reportando-se ao início da década de 1990, mas já havia manifestações anteriores a essa época. Havia oficiais carreiristas que ambicionavam o comando geral dessa "nova organização".


Conhecendo a realidade da nossa Corporação e também a realidade dos bombeiros, sempre disse e reafirmo: separar os bombeiros da BM do jeito que estão pensando é como separação de casal pobre. A miséria será dividida entre os dois, piorando a situação de ambos.


A Brigada Militar nunca recebeu de qualquer governo o respeito que sempre mereceu. E na carona desse descaso, os bombeiros igualmente sempre foram maltratados. Só são lembrados quando alguma desgraça ou grande sinistro se abate sobre a sociedade, como foram os últimos que temos conhecimento desde um ano atrás.


A desculpa pelos bombeiros não serem considerados sempre foram as mesmas: material de bombeiro é muito caro; manutenção de material especializado é difícil e oneroso; os bombeiros são a imagem positiva da Brigada, o lado da balança que equilibra o conceito da Corporação, portanto não se deve mexer nesse pessoal. Além disso, o Estado editou uma lei em 1969 transferindo o ônus da construção de estações de bombeiros, aquisição de material e manutenção às prefeituras que assim o desejassem e, logicamente, que pudessem arcar com tudo. Só que nem todas as que toparam a aventura conseguiram manter a situação com suas próprias verbas, ocasionando situações de mendicância aos comandantes de estações, que dependiam do prefeito de plantão ou da benevolência de empresários que sempre cobravam seus "favores". Essa é a razão pela qual há menos de 20% de cidades com frações do Corpo de Bombeiros no Estado.


Há outras situações que colocam em risco a situação dos bombeiros nessa separação. Há uma tal de Associação de Bombeiros no Estado, chefiada por um soldado que deseja o fim do caráter militar da corporação, sob argumentos diversos e sem fundamento. Essa nova situação levaria em futuro próximo à municipalização do serviço e seria o começo do fim, pois bombeiros municipais não funcionam neste País.

Finalizando estas considerações: se não houver a garantia constitucional de verbas adequadas (e não seria pouca coisa, talvez meio mensalão) em orçamento realista e bem fiscalizado, não há como separar os bombeiros da BM, a não ser que se trate de mais um estelionato eleitoreiro, coisa comum nos últimos governos federal e estadual. Transformar essa nova organização em civil tão pouco resolveria a escassez de meios e muito menos o problema salarial do efetivo. Ficariam à mercê de uma secretaria qualquer, transformando-se em mais um DAER, miserável e abandonada.

sábado, 1 de março de 2014

ESTAR COMANDANTE E SER COMANDANTE!

Massot e Borges de Medeiros


Jose Aparecida de Castro Macedo, Cel Ref Brigada Militar




ESTA É A DIFERENÇA ABISSAL ENTRE ESTAR COMANDANTE E SER COMANDANTE!!!

Uma historinha: Coronel Massot, Comandante-Geral da BM, foi despachar, seguindo à risca o protocolo, de talabarte e espada, com o governador Borges de Medeiros e apresentou seu plano de Comando, dizendo: 

- "Governador este é o meu plano de Comando, penso que irá lhe ajudar muito o seu governo". 

Ressalto que o Coronel Massot e o Borges eram amigos. Borges de Medeiros respondeu: 

- " Coronel quem pensa sou eu o senhor executa". 

O Coronel Massot tirou o talabarte e a espada depositou na mesa do governado, se perfilou, fez continência e disse: 

- "Governador a partir deste instante não sou mais Comandante-Geral da BM, entrego-lhe o cargo". 

Pediu licença para se retirar dizendo que ia ao QG informar sua decisão. Borges aceitou e procurou entre os Oficiais da BM um substituto. Nenhum Cel aceitou pedindo ao Governador que reconsiderasse a decisão. Então Borges foi ao Exercito e procurou um Cel para comandar a BM, nenhum aceitou, e ouviu que pedidos que reconsiderasse a demissão de Massot. 

Passado algum tempo, uma manhã Borges se dirigiu à casa do Cel Massot que morava na Av Getulio Vargas, logo após a ponte do riacho Ipiranga, sentido centro bairro, Menino Deus, que reconsiderava a decisão solicitando que reassumisse o Comando. Cel Massot aceitou na hora.

Dois grandes vultos da História gaúcha, homens de grande envergadura moral e honra, éticos, sem demonstrarem qualquer animosidade e com respeito mútuos. Disse Borges: 

- "Comandante pode executar seu plano...". 

Outros tempos... 


Do livro Histórias da Maçonaria do falecido Cel José Silveira.